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  1. Todas as informações no site oficial da campanha (aqui).





  2. Dia Mundial da Contraceção

    sábado, 26 de setembro de 2015

    Hoje, 26 de Setembro, assinala-se o Dia Mundial da Contraceção. A reboque deste efeméride a Associação para o Planeamento da Família (APF) e a Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC) emitiram um comunicado que intitulam "Contraceção e Educação Sexual: Brincando com o fogo?"


    Por me rever em todo o conteúdo deste comunicado transcrevo-o na íntegra.
    "O Dia Mundial da Contraceção tem lugar anualmente, em 26 de Setembro. Esta comemoração iniciou-se em 2007, ocorre em 70 países e tem como objectivo consciencializar para a importância da Saúde Sexual e Reprodutiva. Compete ao Estado garantir a educação sexual, o acesso ao planeamento familiar, a assistência na interrupção de gravidez em condições equitativas e de segurança. A Saúde e a Educação são alicerces fundamentais de uma sociedade saudável.
    Nas últimas décadas, temos assistido em Portugal, a um crescimento constante do uso de contracetivos e a uma redução muito significativa no número de gravidezes não desejadas e recurso ao aborto. A diminuição do número de gravidezes em adolescentes, e a significativa redução do número de IVG em adolescentes, são importantes indicadores desta mudança positiva.
    Mesmo com limitações, as escolas portuguesas deram, a partir da década de 90, um contributo muito importante para esta mudança.
    Em 2009, a Assembleia da República dispôs que a educação sexual, incluindo nela a contraceção, deveria fazer parte obrigatoriamente das atividades escolares e do Projeto de Educação para a Saúde de cada escola. Esta decisão colocou Portugal entre os países da Europa mais avançados na área.
    Num estudo realizado em 2008 pela APF junto de mais de 2600 estudantes das escolas secundárias, 79% dos jovens responderam que tinham abordado o uso de métodos contracetivos e 77% tinham abordado o risco de engravidar na disciplina de ciências naturais do 9º ano. Por outro lado, aproximadamente a mesma percentagem de jovens afirmava ter abordado as infeções sexualmente transmissíveis nessa mesma disciplina.
    No último estudo, Avaliação das Práticas Contraceptivas em Portugal (2015), da Sociedade Portuguesa da Contracepção e da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, 70% e 65% das adolescentes e das mulheres com idades entre os 20 e 29 anos, respectivamente, tinha tido educação sexual nas escolas.
    Também os dados nacionais (HBSC/OMS: Health Behaviour in School-Aged Children, 2014) apontam para o facto de os jovens com educação sexual tenderem a ter comportamentos mais seguros (usam mais contraceção, têm menos frequentemente relações sexuais sob o efeito de álcool ou drogas).
    É por isso com surpresa e muita preocupação que verificámos que o Ministério da Educação não incluiu a contraceção e as infecções de transmissão sexual (IST) nas novas Metas Curriculares das Ciências Naturais do 9º Ano que entram em vigor no corrente ano letivo 2015/2016.
    As Metas Curriculares são documentos em que se apontam os resultados a alcançar em cada disciplina. O que não está lá, não é uma prioridade. É, quanto muito, uma opção, para os professores que se lembrarem disso, se tiverem tempo, é claro.
    Se as Metas integram, por exemplo, a necessidade de uma alimentação saudável, nem uma palavra é dita sobre a necessidade de se viver saudavelmente a sexualidade, sobre o uso de contracetivos ou a prevenção das IST. Nada! Nem uma referência, nem uma palavra!
    Isto apesar de diversas organizações científicas e profissionais terem chamado a atenção para a gravidade desta omissão, numa fase da vida em que é essencial os jovens sejam informados para prevenirem futuros comportamentos de risco.
    A APF e a SPDC são organizações que têm como missão promover a saúde sexual e reprodutiva e não há saúde sem educação para a saúde. E sem a educação sexual aumentam os comportamentos de risco e as gravidezes não desejadas.
    É neste contexto, e recordando o Dia Mundial da Contraceção, que as nossas organizações apelam ao Ministério da Educação que corrija urgentemente esta decisão e reveja o documento referido integrando nele os temas que foram retirados."

  3. Eu já tinha alertado para a (triste) questão da ausência das temáticas da contracepção e das IST [a jornalista já devia saber que é IST e não DST] nas (novas) metas de Ciências Naturais do 9.º ano. 
    Hoje, véspera do início de um novo ano lectivo, a APF deu o grito de alerta na comunicação social.
    A notícia do Público, cujo título é o título deste post, é a seguinte:


    A partir de agora, os alunos do 9.º ano dificilmente voltarão a ouvir falar de forma aprofundada de métodos contraceptivos e de doenças sexuais transmissíveis (DST) nas aulas de Ciências Naturais. O Ministério da Educação e Ciência (MEC) excluiu das metas curriculares para a disciplina aqueles conteúdos, uma situação “gravíssima”, na opinião do presidente da Associação de Planeamento da Família (APF). O próprio coordenador da equipa que elaborou as metas, Jorge Bonito, não a sabe explicar. “Não foi uma decisão técnica ou científica, pelo que presumo que tenha sido uma opção política”, afirmou o especialista, em declarações ao PÚBLICO.A elaboração de metas curriculares – que identificam aquilo que nos programas de cada disciplina deve ser encarado como essencial e prioritário – foi iniciada no último Governo do PS, por Isabel Alçada. Mas foi Nuno Crato quem as alargou a inúmeras disciplinas e as tornou de aplicação obrigatória. Nalguns casos fê-lo sob um coro de críticas públicas das associações de professores, mas não foi assim no de Ciências Naturais.
    “Lembro-me que na altura, ainda durante a discussão pública do documento, fizemos vários reparos. Foram todos atendidos, à excepção de um, e talvez por isso, por ser apenas um, não chegámos a falar disso publicamente”, recorda Matilde Azenha, presidente da Associação de Professores de Biologia e Geologia (APBG).
    O ponto em que o MEC não cedeu foi, precisamente, aquele que também motivou o protesto da APF. “Consideramos que os conteúdos Regulação dos nascimentos e contracepção e DST devem manter-se, dada a sua pertinência neste nível etário”, pode ler-se no parecer em que a APBG frisa que os professores de Ciências Naturais são os mais bem preparados para tratar aqueles “assuntos de forma cientificamente válida e isenta de qualquer tipo de ideologia”.
    Jorge Bonito, o coordenador da comissão científica que elaborou as metas da disciplina e ao qual terá chegado a reclamação da APBG concorda "absolutamente" que houve "ajustes de natureza política". "Na primeira versão do documento que a equipa técnica elaborou eles constavam”, disse nesta semana. Admitindo que a situação “pode parecer estranha”, o professor universitário, que é licenciado em Biologia e se especializou em Educação Sexual, afirma que, "ao contrário do que se possa pensar, as metas não correspondem literalmente ao trabalho da equipa técnica que as elabora” e “são objecto de ajustes de natureza política”.
    Bonito remeteu, assim, para Isabel Ferraz Festas, uma entre os três especialistas em Psicologia e Ciências de Educação do grupo de trabalho. A este grupo cabia coordenar, verificar e aprovar as tarefas dos profissionais que elaboravam as metas para cada disciplina, entre as quais a de Ciências Naturais.
    Contactada pelo PÚBLICO, Isabel Festas negou que a decisão tenha sido política. Ressalvou que já passou muito tempo e que aquele grupo (que dependia directamente do ministro) lidava com “grupos disciplinares muito diferentes”, e disse não se lembrar “ com precisão de todos os problemas que se verificaram com cada um”. Ainda assim, acrescentou que tem algumas ideias sobre o que terá acontecido, naquele caso.

    Educação Sexual em História ou Geografia
    “Trabalhávamos com consultores. Calculo que alguns tenham defendido que, uma vez que havia uma lei relativa à Educação Sexual nas escolas, não fazia sentido a sobreposição”, afirmou Isabel Festas. Disse recordar-se, também, “de uma colega ter feito o levantamento do que se passava a esse respeito em várias escolas e ter verificado que em algumas a Educação Sexual era tratada nas aulas de Geografia, por exemplo, e noutras durante as aulas de História”. Diz crer que isso foi decisivo para excluir aqueles temas das metas curriculares de Ciências Naturais, “que deviam dizer respeito especificamente ao que estava no âmbito da disciplina e não podia ser tratado noutra”.
    Em resposta a questões colocadas pelo PÚBLICO, o MEC justifica a situação apresentando vários “pontos prévios”. Entre eles, a circunstância “de a Educação para a Saúde, e especificamente a Educação Sexual”, ser “de abordagem obrigatória e transversal em diferentes anos de escolaridade e disciplinas, por transcender, em muito, a mera questão do sistema reprodutivo, da contracepção e das Doenças Sexualmente Transmissíveis”; e ainda o facto de, na avaliação da lei 60/2009, que estipula a obrigatoriedade daquela matéria em meio escolar, se ter concluído que “a implementação da Educação Sexual” nas escolas e agrupamentos “tinha sido sido boa/muito boa” e, que, “considerando as várias áreas da Educação para a Saúde, a Educação Sexual” era a que mais se destacava em termos de implementação (98,6%)”.
    Numa resposta extensa, por escrito, em que inclui a menção ao apoio às escolas que apresentam projectos de promoção da saúde, o MEC lembra, ainda, que as temáticas associadas aos contraceptivos e às DST não vão desaparecer do programa do 9º ano de Ciências, que data de 2001.
    Estes argumentos são desvalorizados por professores ouvidos pelo PÚBLICO e pela presidente da APBG, que sublinham que dadas as suas características, extensão e obrigatoriedade, as metas curriculares substituem, na prática, os programas; e também por especialistas, que contestam o sucesso da promoção da Educação Sexual nas Escolas.

    “Recomendações ignoradas”
    Também por escrito, por se encontrar fora do país, Margarida Gaspar de Matos, a coordenadora da equipa que fez a avaliação da lei (da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde) afirma que o MEC refere os dados quantitativos, resultantes de respostas a inquéritos, mas esquece os do estudo qualitativo, que resultou numa série de recomendações do grupo de trabalho. “Estas”, sublinha, “foram ignoradas”, o que, na sua perspectiva, justifica que, um ano após a avaliação, “as razões para a preocupação sejam maiores”.
    “Haver projectos de Educação para a Saúde nas escolas foi uma grande meta, mas, a seguir, tal como se defende a nível europeu, a questão da Educação Sexual e da Saúde devia ser incorporada na cultura da escola de modo sereno, firme, continuado e sustentado. Essa ideia de continuarmos com "projectos", ao critério discricionário das direcções das escolas e da boa vontade e sacrifício dos professores, é peregrina e representa um retrocesso. Isso está muito claro no nosso relatório de avaliação da lei 60/2009”, considera Margarida Gaspar de Matos.
    A legislação obriga todas as escolas a desenvolverem programas de Educação Sexual, com a duração mínima de seis horas por ano, no 1.º e 2.º ciclos do ensino básico, e de 12 horas, no 3.º ciclo e ensino secundário; além disso, determina que ela seja integrada nas áreas curriculares não disciplinares (que foram extintas pelo actual ministro) e, transversalmente, nas restantes disciplinas.
    Quando a avaliação da lei foi tornada pública, Margarida Gaspar de Matos disse que ela estava a ser cumprida na forma, mas não no conteúdo. Hoje sublinha que a comissão de avaliação recomendou, entre outros aspectos, que fossem restabelecidas as áreas curriculares não disciplinares para que a Educação Sexual pudesse ser abordada dentro do currículo e não só no seio de outras disciplinas; que se sensibilizassem os professores para a importância do tema e lhes fosse dada formação adequada; e que as horas dedicadas a esta tarefa fossem incluídas nos horários de trabalho dos docentes responsáveis pela coordenação dos projectos de Educação Sexual e dos restantes docentes envolvidos.

    “Uma espécie de faz de conta”
    Também Zélia Anastácio, investigadora da Universidade do Minho, defendeu, após um ciclo de investigação de três anos neste domínio, a criação de um espaço próprio no currículo para a Educação Sexual, considerando que nas actuais condições ela “é uma espécie de faz de conta”. “A abordagem numa lógica de transversalidade, inerente a todas as disciplinas, resultou numa desresponsabilização", concluiu.
    É neste quadro que Margarida Gaspar de Matos e Zélia Anastácio se mostram preocupadas com a omissão dos conteúdos relacionados com a contracepção e as DST nas metas curriculares. “É mais do que preocupante, é gravíssimo”, avaliou o presidente da APF, Duarte Vilar, que lembrou que um inquérito feito em 2008 indicava que Ciências Naturais (60%) e Formação Cívica (20%) eram as componentes do currículo em que mais frequentemente os temas eram abordados. O estudo, que consta da avaliação à aplicação da lei, já depois da extinção da Formação Cívica, confirmou que no ensino básico a disciplina de Ciências Naturais ocupava o primeiro lugar na lista (61,9%).
    Os professores também discordam do MEC, mas no que respeita ao programa. “Com a aplicação obrigatória das metas, não é significativo que os temas se mantenham ou não no programa de Ciências Naturais. Isto porque, na prática, as metas substituem o programa. Os professores vão ter de aplicar aquilo que o MEC destacou como essencial e mesmo os colegas que fizerem questão de abordar esses temas não terão tempo para o fazer senão de forma ligeira”, prevê Matilde Azenha, sublinhando que aquela é a sua opinião pessoal e não traduz uma posição oficial da direcção da APBG.
    A situação é considerada especialmente preocupante por Margarida Gaspar de Matos tendo em conta os resultados do último estudo Health Behaviour in School-aged Children, da Organização Mundial de Saúde (OMS), feito por uma equipa que ela própria coordenou. Em 2014 foi reportada uma diminuição do uso de preservativo e um aumento das relações sexuais associadas ao consumo de álcool ou drogas, o que sugere a identificação de um grupo de risco agravado a necessitar de medidas urgentes de prevenção selectiva. Gerou também apreensão, aponta, o facto de serem os adolescentes mais novos os que menos utilizam o preservativo.

  4. A infâmia agora tem um preço - 7,75 euros!

    segunda-feira, 7 de setembro de 2015


    A partir de 1 de Outubro de 2015 todas as mulheres que pretenderem fazer uma interrupção voluntária da gravidez (IVG) têm de pagar uma taxa de sete euros e setenta e cinco cêntimos. Chamam a esta taxa de moderadora, mas quando sabemos que os números da IVG têm vindo a diminuir a ver vamos se esta taxa infame que fará alguma diferença.
    Mais do que os cerca de oito euros, o que importa é registar o sinal ideológico que a maioria PSD/CDS dá em final da legislatura. IVG sim, mas com taxa!

    Contudo, resta alguma esperança.
    "É uma marca da direita e é uma marca de retrocesso muito grande, que só pode ter uma resposta com uma maioria do PS: a pura e simples revogação e eliminação da nova lei", disse António Costa a propósito desta alteração à lei IVG.

  5. Publicação de artigo

    sexta-feira, 4 de setembro de 2015

    Foi publicado na revista Studia, número 18, o meu artigo: Sexualidade e Educação Sexual de Crianças e Jovens com Dificuldade Intectual e Desenvolvimental: Contributo Teórico.

    Está disponível aqui.