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  1. Emprego feminino com contratos Durex

    quinta-feira, 19 de junho de 2014

    Dos jornais: "Há empresas que estão a obrigar trabalhadoras a assinar por escrito que não vão engravidar nos próximos cinco anos." Quanto a mim, o que urge são aulas básicas de educação sexual aos patrões: não, a gravidez não se apanha não assinando por escrito. Aliás, assinar não é um método contracetivo. E para prazos tão dilatados, cinco anos, o melhor é a castração química do marido da funcionária: "Querido, arranjei emprego, mas tens de passar na clínica da empresa..." Estes contratos Durex baralham-nos o vocabulário. A medicina no trabalho agora vai chamar-se obstetrícia? Todos os dias, ao entrar, eles picam o ponto, já elas fazem o teste de gravidez. A gravidez, passando a ser a falta laboral mais grave, acima de roubar a empresa está ovular. Engravidar por acaso dá direito a despedimento, por inseminação artificial, já revela dolo, além de ir para a rua tem de se pagar indemnização ao patrão. A trabalhar, a Ivete era um fenómeno e foi despedida: o patrão receou que se tornasse um fenómeno reprodutivo. Já Marília, a mulher de limpeza, chegava de madrugada ao escritório e trabalhava às escuras: não queria ser apanhada a dar à luz. Levar trabalho para casa, elas podem, mas têm de deixar o útero no cofre da firma. Recursos Humanos, comunicação interna: "Dona Olga, os nossos serviços ainda não receberam os dados sobre a sua última menstruação." E eles, quando emprenham pelo ouvido, também são sancionados?

    Crónica de Ferreira Fernandes no DN de ontem.

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